Gripe aviária: médica infectologista esclarece riscos à saúde humana e formas de prevenção

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Com caso humano e foco confirmado em granja comercial, especialistas reforçam medidas de vigilância e biossegurança para conter avanço do vírus no Brasil

Após a confirmação do primeiro caso de gripe aviária em um ser humano no Brasil — em um trabalhador de granja no Espírito Santo — e o registro inédito da doença em uma unidade de produção comercial no Rio Grande do Sul, autoridades de saúde e do agronegócio intensificaram os alertas de prevenção. Apesar dos episódios, o Ministério da Saúde classifica o risco de transmissão para a população como baixo.

Desde maio de 2023, o Brasil registrou 153 focos de influenza aviária de alta patogenicidade em aves silvestres ou de subsistência. Em maio de 2025, pela primeira vez, o vírus H5N1 foi detectado em uma granja comercial em Montenegro (RS), onde mais de 17 mil aves foram sacrificadas como medida de contenção. A propriedade produzia ovos férteis e já havia apresentado alta mortalidade das aves. A confirmação do caso levou à decretação de emergência zoossanitária no estado e à suspensão temporária das exportações para diversos países importadores.

Para esclarecer dúvidas sobre os riscos à saúde humana, a médica infectologista Sílvia Fonseca, docente do IDOMED (Instituto de Educação Médica), explica que o vírus é altamente patogênico entre aves, mas ainda tem baixa capacidade de se espalhar entre humanos.

“O vírus H5N1 não é transmitido pelo consumo de carne de frango ou ovos devidamente cozidos. O calor destrói o vírus, então a ingestão desses alimentos, quando bem preparados, é segura”, explica a especialista. “O risco está no manuseio direto de aves doentes, suas fezes, secreções ou objetos contaminados, especialmente por trabalhadores de granjas ou veterinários.”

Segundo o Ministério da Saúde, a transmissão entre humanos ainda não foi observada de forma sustentada. Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) mantém vigilância sobre mutações do vírus, principalmente após surtos nos Estados Unidos, que registraram casos em trabalhadores de fazendas leiteiras.

Como se proteger?

Mesmo com risco considerado baixo, especialistas recomendam algumas medidas simples de prevenção:

· Evitar contato com aves doentes, mortas ou silvestres;

· Não visitar granjas ou criadouros sem autorização ou proteção;

· Utilizar equipamentos de proteção ao manipular aves em ambientes rurais;

· Lavar bem as mãos após lidar com alimentos crus;

· Garantir o cozimento completo de ovos e carnes de aves.

A gripe aviária pode causar sintomas semelhantes aos da gripe comum, como febre alta, dor muscular, dor de cabeça, tosse e, em casos mais graves, dificuldade respiratória. O diagnóstico é laboratorial e a notificação é obrigatória em casos suspeitos, conforme protocolo nacional de vigilância epidemiológica.

“A população não precisa se alarmar, mas deve buscar informações confiáveis. O Brasil tem protocolos rigorosos e equipes treinadas para agir rapidamente em caso de surtos”, reforça Sílvia.

Visão do campo: impacto no agronegócio e cuidados nas propriedades rurais

O registro da doença em uma granja comercial no Brasil marca uma mudança significativa no cenário sanitário e acende o alerta no setor produtivo. Embora a carne de frango e os ovos permaneçam seguros para consumo, a presença do vírus em unidades comerciais exige vigilância redobrada e cumprimento rigoroso das normas de biossegurança.

“A entrada do vírus em granjas comerciais representa um desafio logístico e sanitário para o país, com impactos econômicos imediatos, como embargos à exportação. É fundamental reforçar o controle da circulação de pessoas, veículos e equipamentos nas propriedades, além de impedir o acesso de animais silvestres”, afirma Zeca Pansonato, coordenador do curso de Agronomia do Unitoledo Wyden. “O Brasil possui um sistema de vigilância agropecuária sólido, mas agora é essencial intensificar a educação sanitária no campo para preservar a avicultura nacional e garantir segurança alimentar e econômica.”

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