A fotografia no controle da saudade

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Colecionar memórias inesquecíveis através da fotografia

O tempo passa rápido. Cada segundo que vivemos nunca irá ser repetido. Nem copiado, cada segundo, minuto, hora e dia que vivemos é único. Por ano, vivemos 8760 horas, que são mantidas ou esquecidas na nossa mente. Por serem únicos, entretanto, existem momentos que queremos repetir e presenciar novamente com a mesma (ou parecida) emoção. Mas, como? Através da fotografia. Eu (Jousy) costumo falar que se a casa tiver pegando fogo e eu já salvei toda minha família, a primeira coisa que vou salvar são minhas fotos. Mesmo com toda a tecnologia, eu tenho o hábito de imprimir e deixar aquele momento eternizado em papel. Assim, ao meu ver, dá pra lembrar, dá pra pegar e dá pra reviver o pouquinho do passado.

Eu sou muito saudosa com os momentos dos meus filhos pequenos. Dá saudade de vê-los bebês. Aí a saudade vai ainda mais para o passado e chega até a minha infância. Perdi meu pai com 8 anos de idade. Eu era sua única filha. Aquela agarrada e amada demais por uma pai babão que fazia todas as vontades de sua pequena. Fica a memória e a foto guardada com cuidado pela minha mãe. Nesse dia da saudade eu não posso esquecer da minha tia Valquíria. Depois que meu pai se foi e minha mãe se casou de novo eu fui morar com ela. Acho que a não aceitação de alguém no lugar do meu pai e a vontade da minha tia de ter uma filha mulher se uniram. Essa mulher linda, forte, guerreira e que me amava demais também se foi. Eu tenho saudade! Assim como eu tenho saudade da minha avó Nenzinha. A primeira mulher empoderada que conheci na vida. E a que ensinou a todas nós, da minha família, a sermos donas de nós mesmas.

Meu pai. Desde cedo eu já estava no bar com ele (risos)

 

A saudade, ainda na infância, bate à minha porta com o nome Ricardo. Um amigo que foi cedo demais. Era ele que me levava pra escola, foi ele que me ensinou a jogar botão e a gostar de futebol. Eu e a Queile, minha primeira amiga da vida, sempre queríamos nos meter na brincadeira dos moleques. Não tinha problema porque ele deixava. Como ele era o mais velho, ele mandava e a gente obedecia. O Tercio, irmão da Queilinha, não gostava muito, mas a gente conseguia o que queria (a gente mandava nos homens, desde pequenas). Perdemos o Ricardo em um acidente de carro na esquina da rua em que brincávamos. Já éramos todos adultos quando aconteceu, mas a saudade dele sempre ficará.Assim como ficará do meu primo Paulo. Esse foi mais cedo. Ele era apenas jovem. De todos os meus primos, ele era o que mais se parecia comigo, fisicamente. Até a sobrancelha que que dá uma dobrada no final ele tinha. Meu parceiro de dança. Nós ganhávamos todos os concursos de dança infanto-juvenil que tinham. Época boa! Saudade boa!

Saudade da minha avó e da Tia Mimi e da Tia Ua desse tamaninho
Minha tia Valquíria cuidava de todo mundo. Eu (de azul e xuxinha na cabeça), Silvia Renata toda florida, Bruno, Zeca e Wellington.

 

Tércio, Vagner e Ricardo (azul). Fui eu mesma que tirei esta foto. Tem uma minha só eu e ele que não consigo achar de jeito nenhum (snif!)

Saudade eu tenho de amigos que colecionei durante a minha vida. Gente que conheci e que por conta do tempo e da vida foram se afastando. Tenho saudade até daqueles que falo todos os dias. Aquariano é assim: saudoso por natureza!

Quando sentimos saudade, a maior vontade que nos surge, é a de voltar no tempo para poder reviver momentos. Mesmo sabendo que isso não é possível, existem meios de manter viva a lembrança e as emoções que já foram sentidas em memórias antigas. Para Quenia Moltocaro, fotógrafa há mais de 11 anos, “Com o passar dos anos, colecionamos memórias boas que, em decorrência das tantas coisas que vivemos, podem vir a serem esquecidas. Para ter sempre em mente todos os bons momentos que viveu, a fotografia é uma ferramenta que permite deixar registrado tudo aquilo que vivemos”, acredita a fotógrafa.

Neste dia 30, que é marcado pela reflexão sobre a importância e controle da saudade, nos lembramos que diariamente sentimos saudade de algo. Uma pessoa que não está mais presente, um momentos específico, um lugar de felicidade. A saudade pode ser muito cruel. Para poder sentir a mesma emoção mesmo depois do momento já ter passado, a fotografia surge como uma tecnologia que também ajuda no controle da saudade, já que com ela é possível lembrar e reviver momentos.

Para recordar momentos e reviver histórias, o ato de fotografar se torna um ato de cuidado e até mesmo de amor. Alline Moltocaro, irmã e sócia de Quenia na empresa QA Sisters, acredita que a fotografia se torna, no futuro, a nossa única aliada para recordar de pessoas, lugares e emoções. “Quando perdemos alguém e não temos mais como olhar no seu rosto, somente as fotos nos fazem sentir aquela pessoa juntinho de nós novamente, ênfatisa”.

A saudade é um sentimento muito forte, mas que nos afirma que o que vivemos de fato valeu a pena. Que neste dia possamos entender que a saudade é apenas algo que devemos sentir para relembrar dos bons momentos da vida. E que, para poder senti-la não com tristeza, mas sim com até certa alegria, as fotografias são o que ficam do que se passou.

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