Relacionamentos Abusivos: Saiba Quais os Tipos E Como Agir Diante Deles.

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Estudos relatam que três em cada cinco mulheres já viveram um relacionamento abusivo, mas não é só na relação homem mulher que isso acontece. O abuso pode ocorrer de diversas formas: de pai pra filha, de filho pra pai, de filha pra mãe, entre casais homoafetivos, entre outros.

Aline Machado Oliveira, psiquiatra e psicoterapeuta junguiana, explica que relacionamentos abusivos são aqueles em que há vítima e agressor. Acontece a partir do momento em que alguém tenta dominar o outro fisicamente ou por artifícios psicológicos e emocionais. Neste momento, o relacionamento deixa de ser saudável e pode inclusive evoluir para  um relacionamento doentio e perigoso, resultando em crimes passionais, por exemplo.

O agressor tende a querer dominar tudo o que for possível na vida da outra pessoa; tentando controlar as amizades, o modo de se vestir, o uso do celular e das suas redes sociais.

O abuso dentro de um relacionamento não se restringe à violência física, mais fácil de ser detectada, seja no meio familiar ou social, mas ele existe sempre que há a violência psicológica, mais difícil de identificar e cujo manejo é bem mais complexo e demorado.

Em qualquer situação, mas principalmente através do abuso psicológico, o agressor obtém poder sobre a outra pessoa, usando de controle e manipulação emocional.

 

Segundo  Aline Machado Oliveira, uma das primeiras coisas que um agressor faz em um relacionamento abusivo é destruir a autoestima da outra pessoa. Ela explica que a autoestima da vítima é afetada drasticamente e pode ser destruída quando o agressor usa de jogos psicológicos com frases de acusação como: “ela faz isso porque quer” ou “ela sempre foi assim, só está se fazendo de vítima” , a fim de manipular a realidade.

A vítima torna-se a culpada pela agressão sofrida e ela aceita isso como verdade. Desta maneira, a vítima passa a ter uma percepção distorcida de si. Quanto mais oprimida, mais passiva a pessoa pode ficar, até se tornar completamente impotente, pois foi convencida pelo agressor de que ela está errada e é a culpada pelos problemas no relacionamento.

“A chantagem emocional é um artifício muito usado para a manipulação e, geralmente, é de difícil identificação. O chantagista conhece os pontos fracos da vítima e se utiliza de sentimentos como o medo e a culpa para manipular as pessoas e alcançar os seus objetivos. Também é preciso observar que nem sempre o manipulador tem consciência de que pratica a chantagem emocional”, explica a psicoterapeuta.

Segundo ela, o chantagista vai levar a outra pessoa a fazer o que ela não quer fazer; aqui o abusador se faz de vítima para manipular a vontade do outro. Frases como: “-Se você não fizer isso, nunca mais vou perdoar você”, funcionam como punição e colocam a vítima sob a ameaça da culpa.

Percebe-se que o sentimento de culpa, na chantagem emocional, é facilmente colocado como uma via de mão dupla. No caso do chantagista usar de falso arrependimento, puxando para si toda a culpa, mas ao mesmo tempo se dizendo arrependido e fazendo promessas de não voltar a cometer o erro, ganhando a confiança da outra pessoa, para usá-la depois, até mesmo em outra ocasião.

Embora sejam mais conhecidos e tratados, de acordo com a especialista, os relacionamentos abusivos em que a vítima é a mulher e o agressor o homem, esse tipo de situação vai muito além e envolve pais e filhos, relacionamentos homoafetivos, relacionamentos entre patrões e empregados, relações de amizades etc. Isso mostra que  o esse tipo de relação não se resume, exclusivamente, entre um casal em que a vítima é sempre a mulher, ainda que esse seja o caso mais recorrente, ao menos, o mais registrado.

 

 

A vida social é inerente ao ser humano e as relações de trabalho, estudo e lazer fazem parte do nosso dia a dia, e nem sempre podemos escolher com quem trabalhamos ou estudamos. Em qualquer dos casos, os relacionamentos abusivos começam da mesma forma: xingamentos e gritos, humilhações e a violência psicológica, envolvendo manipulação e controle.

Não é fácil sair de um relacionamento abusivo, ainda mais quando já é um relacionamento de longa data. A pessoa que é vítima desse tipo de relação precisa de ajuda profissional que possa auxiliá-la a identificar o problema e superá-lo, principalmente quando esses conflitos deixam traumas mais profundos e que afetam uma ou mais áreas da vida.

“Relacionamentos são sempre um desafio e para termos eles de forma saudáveis é preciso impor limites ao outro e entendermos que nós também precisamos de limites. Isto implica inclusive saber lidar com as relações quando detemos alguma posição de poder”, diz Oliveira.

“Aprender a dizer não é necessário, e saber aceitá-lo também”, conclui.

Se você se identificou com as situações citadas, procure ajuda profissional. Não desista de você!

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