Enchentes no Rio Grande do Sul afetam preço da cesta básica em Ribeirão Preto
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Valores voltaram a subir em maio; custo médio do levantamento da IEMB-Acirp foi de R$ 690,50
Após dois meses em queda, o preço da cesta básica em Ribeirão Preto voltou a subir. O efeito rebote é atribuído às enchentes no Rio Grande do Sul, que afetaram a distribuição de alimentos em todo o País.
De acordo com o levantamento mensal do Instituto de Economia Maurílio Biagi (IEMB) da Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto (Acirp), o custo médio do kit básico de alimentos no município em maio foi de R$ 690,50, uma inflação de 3,33% em relação ao mês anterior e um acumulado de 7,75% no ano.
Ainda assim, o índice inflacionário foi inferior ao registrado pelo IEMB em maio de 2023, de 4,38%, mês da primeira coleta de dados. Do primeiro levantamento até abril de 2024, a inflação dos alimentos registrada foi de 7,12%.
Oferta impactada
No dia 17 de maio, a equipe do IEMB visitou dez hipermercados e quatro padarias distribuídos pelas quatro regiões e o centro da cidade. De acordo com Lucas Ribeiro, analista do IEMB-Acirp, constatou-se que a inflação de maio foi impactada pela restrição da oferta de produtos diante das enchentes que afetaram o Rio Grande do Sul e refletiram diretamente na distribuição de alimentos em todo o País. Soma-se a isso a alta do dólar e a pressão de demanda gerada pelo setor externo.
“Para este mês, como previsto no relatório de inflação de abril, houve significativa queda nos preços de feijão e trigo, o que se refletiu no preço do pão francês (derivado de trigo). Por outro lado, contrariando as expectativas, a cotação do arroz cresceu 6,89%, reflexo das fortes chuvas no Sul”, aponta Ribeiro.
Os analistas constaram também a restrição no volume de compra do item (uma média de seis pacotes por cliente) como medida para garantir o abastecimento.
Outros produtos que tiveram seus preços impactados pelas enchentes foram o leite e derivados, visto que o estado atingido é o terceiro maior produtor de laticínios do Brasil, respondendo por 12,42% da produção nacional.
Pesando na conta
Dos 13 itens pesquisados, os que mais pesaram no bolso do consumidor foram as carnes, que representam 37,7% do orçamento total. Na sequência aparecem frutas e legumes (29,14%), farináceos (19,23%), laticínios (6,39%), leguminosas (4,21%), cereais (2,68%) e óleos (0,65%). Os produtos com maior alta foram batata inglesa (+30,27%), tomate italiano (+8,11%) e arroz (+6,89%).
Na outra ponta, houve queda em diversos produtos, como banana nanica, que estava em alta mas teve o preço reduzido em 17,66% devido à mudança de estação.
Cesta nas regiões
A região Sul teve a cesta básica mais cara da cidade em maio, com custo médio de R$ 744,25 (alta de 5,57% em relação a abril). Nessa zona, a batata inglesa chegou a custar até 56,23% a mais.
A cotação mais barata foi registrada na região Norte, com média de R$ 617,28 e única com queda (-0,38% a.m.), puxada pelo preço da banana nanica (-44,24% a.m.).
O custo médio da cesta na zona Leste foi de R$ 676,60 (+1,34% a.m); na Oeste de R$ 671,20 (+6,2% a.m.) e na Centro de R$ 733,28 (+1,32% a.m.)
Metodologia
O levantamento da cesta básica em Ribeirão avalia mensalmente 13 itens descritos no decreto nº 399/1938, que define as quantidades alimentares mínimas necessárias para atender às necessidades nutricionais de um indivíduo de idade adulta.
A cesta considerada pela Acirp inclui carne bovina (6 kg de alcatra), leite longa vida (7,5 litros), feijão carioca (4,5 kg), arroz branco tipo 1 (3 kg), farinha de trigo (1,5 kg), batata inglesa (6 kg), tomate italiano (9 kg), pão francês (6 kg), café em pó (0,6 kg), banana nanica (90 unidades), óleo de soja (0,8 litro), açúcar cristal (3 kg) e margarina (0,75 kg).
Os locais de compra são determinados com base na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017-2018. O pão francês é o único item cotado também em padarias, uma vez que 60% dos ribeirão-pretanos preferem comprar este produto nestes estabelecimentos.
IEMB
O Instituto de Economia Maurílio Biagi (IEMB) é um órgão do Departamento de Relações Institucionais da Acirp, entidade que em 2024 completa 120 anos de atuação. O IEMB-Acirp foi criado em 1954 com objetivo de gerar dados socioeconômicos para orientação na gestão de empresas e da cidade.