A arquiteta Isabella Nalon enfatiza que uma arquitetura de interiores leve e muito bem planejada é positiva para o bem-estar dos moradores
A preocupação com a saúde mental nunca registrou patamares como os alcançados atualmente entre os brasileiros. Durante o Setembro Amarelo, discussões sobre doenças como a depressão e transtornos mentais ganham visibilidade na imprensa e nas redes sociais como formas de alerta, incentivo pela busca por tratamentos e a valorização da vida.
Mas além disso, como nossas casas podem contribuir nesse conjunto? “É muito importante percebermos que o ambiente onde habitamos é um reflexo de como nos sentimos. Dentro de um processo de cura interna, é muito comum que nossas moradas transmitam bem-estar”, comenta a arquiteta Isabella Nalon, à frente do seu escritório que leva o seu nome.
De acordo com ela, é bastante relevante o impacto da decoração residencial como uma ferramenta que expressa os sentimentos dos seus moradores. Bastante ligada às questões da saúde mental, a profisisonal selecionou referências valiosas que incorpora em seus projetos:
Organização em primeiro lugar
Cômodos com uma nítida desordem criam a impressão de caos e perturbação da mente. Por meio de arranjo muito bem planejado, o visual conquistado, bem como a facilidade de localizar aquilo que se procura atuam diretamente na diminuição do estresse e ansiedade, além de proporcionar ao morador a percepção de controle sobre o ambiente. Segundo a especialista, a manutenção da limpeza e a restauração dos itens em seus devidos lugares ajudam na contínua possibilidade de desfrutar dos benefícios trazidos pela arquitetura de interiores. “Gosto sempre de ressaltar que a ausência de cuidados em casa pode piorar nossa saúde mental. Paredes sujas, tecidos velhos, tapetes manchados, objetos quebrados e uma sorte de itens acumulados são referências muito ruins”, delibera a arquiteta.
As cores fazem toda a diferença
A escolha das cores na decoração de interiores se relaciona com a saúde mental dos moradores, uma vez que dentro do círculo cromático, para cada uma são atribuídos um grande espectro de sensações. Na busca pela leveza e o equilíbrio, paletas compostas pelo branco, azul, o rosa e o verde, por exemplo, permitem a criação de uma atmosfera suave. Por outro lado, cores vibrantes como amarelo, laranja e vermelho influenciam no sistema nervoso, causando agitação. “A psicologia das cores descreve exatamente como cada cor impacta em nosso organismo e o comportamento, de maneiras diversas, em nosso cérebro“, discorre a profissional. Para a definição das tonalidades, é fundamental compreendermos a finalidade que o cliente deseja atribuir ao ambiente. “Pensando no relaxamento, a opção transita entre as cores neutras e leituras monocromáticas, sem uma mistura excessiva”, orienta.
Aposte em elementos naturais
Apostar em elementos oriundos de materiais orgânicos proporciona uma conexão automática com a natureza. O emprego de materiais como lã, algodão, madeira, argila, fibra e pedra, entre outros, resultam em ambientes mais aconchegantes e propícios para alcançar bons sentimentos como a felicidade, satisfação e o prazer de estar. “O artesanato que dá forma aos objetos decorativos nos entrega esse ‘que’ de espontaneidade e nos sustenta muito nessa missão“, reflete a arquiteta.
Atenção para uma iluminação adequada
A iluminação é outro fator que deve ser levado em consideração para a conquista de níveis salutares de nossas mentes. Além da abundante luz natural, na medida do possível, a arquiteta ressalta que um projeto luminotécnico mais aconchegante também concilia o uso de pendentes, luzes indiretas e focais. “Nesse mix, é primordial abrir espaço para a luz que adentra nossas casas, pois a ativação causada pela vitamina D interfere no ciclo do nosso organismo, aprimorando o sistema cardíacos e circulatórios. Sem contar que as aberturas para as esquadrias cooperam na regulação da temperatura do ambiente, pois favorecem a circulação de ar“, detalha Isabella.
Os móveis também podem ajudar
Os móveis tanto ajudam, como atrapalham quando não estão alinhados com a essência do projeto. Sendo assim, é relevante selecionar os modelos certos para cada ambiente considerando fatores como a ergonomia, material, dimensões e estilo. Através dessas informações, a arquiteta afirma que é possível designar definições mais assertivas e saudáveis para compor o décor e, ainda sobre o mobiliário, o conceito de conforto implica em oferecer uma postura correta que, por sua vez, ajuda a prevenir dores nas costas, lesões musculares e uma respiração mais apurada. Na questão estética, ela relata que design e tamanho também são responsáveis por conceber ambientes agradáveis, atraentes e prazerosos.
Paisagismo
Coisas simples cooperam para a saudabilidade de nossas mentes e o contato com elementos naturais é um desses recursos que devem ser aplicados de acordo com as delimitações do projeto.A arquiteta finaliza dizendo que a criação de espaços para práticas de atividades físicas é outra estratégia que o projeto de arquitetura de interiores pode propiciar. “Manter uma rotina equilibrada, com hábitos saudáveis, sono em dia, uma boa alimentação e o exercício corporal complementam toda a estrutura que nós, profissionais de arquitetura, buscamos entregar aos nossos clientes”, conclui Isabella.
Sobre a arquiteta Isabella Nalon
Com uma carreira sólida e experiência proveniente de mais de 25 anos de trabalho, Isabella Nalon percorreu uma trajetória de muitos estudos e pesquisas na área de Arquitetura e Decoração. Iniciou sua carreira atuando como arquiteta na Alemanha e, em 1998, inaugurou seu escritório em São Paulo. Se especializou em projetos arquitetônicos residenciais, comerciais e de decoração de interiores. Possui uma visão plural e ampla de diferentes culturas e públicos, o que se tornou um diferencial em seu percurso profissional. Cada projeto desenvolvido pelo escritório é único, com muita harmonia, elegância e criatividade. Frequentemente, tem obras reconhecidas e publicadas por renomados portais e revistas de arquitetura e decoração, consolidando o escritório na lista dos mais importantes da capital paulista.