FAMÍLIA GIOLO: Busca pela cidadania italiana faz técnica de contabilidade descobrir a história de sua família desde o século XIX

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Léia se aventurou a descobrir documentos

de seus antepassados, que vieram para o Brasil em 1892

 

Entre os dias 9 e 11 acontece, em Serrana (SP), o “2º Festival Gastronômico Italiano”, que tem como objetivo resgatar as raízes de um povo que ajudou o Brasil a crescer. No meio dos homenageados está a família de Léia Maria Giolo Bianchi, de 58 anos, que conseguiu montar a história de seus descendentes através de documentos levantados para conseguir a cidadania italiana. Na história de Léia tem casamentos duradouros, religiosidade e até uma tia que nasceu no caminho para o Brasil.

A busca de Léia aconteceu pelo lado paterno  e começou em 2005. Seu bisavô, Giovanni Giolo, veio para o Brasil com os pais Luigi Giolo , Elisabetta Mansalta, com o irmão Giacomo, com a avó DOM.a e com a irmã Arminda, que nasceu dentro do navio vindo para o Brasil. Eles desembarcaram no Porto de Santos, em 1892.

“Minha irmã, que morava nos Estados Unidos, queria conseguir a cidadania italiana, então eu comecei a procurar os documentos. Comecei por São Simão pra achar o nome correto do Giovanni, que na certidão de nascimento do meu avô constava o nome correto. Com essa informação eu poderia ver quem era a mãe dele e tentar achar a documentação que temos hoje. O primeiro lugar que fui foi ao cemitério para ver a data que meu avô tinha sido enterrado e a data do seu nascimento. Com essa informação eu fui para o cartório de São Simão, porque meu pai disse pra gente que ele tinha sido registrado lá. Aí verifiquei que os nomes não batiam. Fui à igreja para ver se eu conseguia o registro do batismo.  Lá conseguimos achar os nomes e tanto o nome da mãe como da tia eram iguais na igreja e no cartório”, diz.

Com essa informação em mãos, Léia tinha mais um obstáculo: a cidade correta que sua família tinha originado. “Nas informações que tínhamos a minha família tinha vindo de Padova, mas eu mandava para a Itália cartas pedindo os documentos pelos nomes que tínhamos e voltava negativo. Descobrimos, pela minha tia Stela, que confirmou através do livro da história de Serra Azul, escrito pelo Padre Dominiato, que eles poderiam ter vindo de Correzzola. Percebemos com isso que tínhamos dois lugares para procurar”, explica. Correzzola é uma comuna italiana, da região do Vêneto, província de Pádua, com cerca de 5.292 habitantes.

Depois de tanto procurar e descobrir os nomes de todos que tinham vindo para o Brasil era hora conseguir os documentos. “Minha irmã conseguiu achar uma pessoa nos Estados Unidos que achou todas as certidões. O nome dele é Umir Mulato e nos ajudou muito”.

Com todas as informações em mãos, Léia procurou o Museu do Imigrante, pelo ano da chegado de seus primeiros familiares: 1892. Essa data ela descobriu por causa dos documentos que estavam nos arquivos de uma delegacia, na cidade de Potirendabam(SP). No meio desses papeis ela achou a declaração de estrangeira da criança nascida no navio. “Foi em cima desse ano e do nome correto do meu bisavô que eles acharam todas as pessoas da família que chegaram aqui”.

O avô de Léia morreu quando ela tinha 15 anos. “Ele era muito reservado, quase não contava nada. Começamos a escutar algumas histórias quando fomos atrás da dupla cidadania. Mas, sei que meu lado religioso, de ser católica vem da minha origem italiana. Acho que mais do lado da minha mãe. Do lado dos Giolo eu tenho a parte de ser briguenta, mal-humorada e chata”, brinca a técnica em contabilidade.

As lembranças da polenta no tacho e dos casamentos regados à música, em baixo de uma barraca de lona, com bambu na porta da cozinha do sítio, são bem vivas às memórias de Léia, mas ela afirma que o padre Danilo Barbieri, o responsável pelo  “2º Festival Gastronômico Italiano”, foi quem a fez se interessar mais pela cultura de seus descendentes. “Antes, aqui em Serrana não tinha nada disso. Quando fui atrás da dupla cidadania, eu queria saber da história da minha família. Fui começar a gostar mesmo com o padre Danilo, quando ele fez a primeira Festa de San Genaro. Mostrei meus documentos pra ele no almoço dos Imigrantes Italianos. Quando vi os enfeites e a organização da festa que ele fez foi que comecei a me interessar mais pela cultura italiana”, conclui.

Léia não seguiu adiante com a dupla cidadania. Como tinham muitos nomes que precisavam ser mudados, era preciso mudar várias certidões, inclusive das gerações que vieram depois, então ela viu que ficaria inviável. “Mas, fiquei feliz em descobrir tudo isso”, finaliza.

 

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