Os principais avanços da oncologia que vão ajudar na luta contra o câncer nos próximos anos
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Entre os progressos da ciência, que devem nortear parte do futuro da oncologia, destacam-se o uso de terapia-alvo, novos medicamentos e a evolução da imunoterapia no tratamento e diagnóstico precoce da doença
Considerado o principal problema de saúde pública no mundo, o câncer está no centro de pesquisas em busca de tratamentos mais personalizados, com menos efeitos colaterais e melhores chances de cura. No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a doença deve atingir 704 mil pessoas anualmente até 2025, com 180 mil casos somente no estado de São Paulo.
De acordo com Diocésio Andrade, oncologista da Oncoclínicas Ribeirão Preto, graças aos grandes avanços nos últimos anos, o futuro do tratamento do câncer tem sido promissor. “Estamos evoluindo e registrando, constantemente, resultados importantes na luta contra a doença. Os diversos estudos, junto aos largos passos da tecnologia na ciência e especificamente na medicina, trazem esperança e geram contribuições efetivas para melhorar a vida dos pacientes e aumentar as chances de cura”, explica o médico.
Confira abaixo alguns dos tratamentos que têm se destacado e se mostram como uma esperança no avanço contra a doença:
Imunoterapia no combate ao câncer de colo de útero
A abordagem, que se baseia no uso de drogas que instruem o sistema imune a identificar e atacar as células cancerosas, tem sido uma das grandes responsáveis pela evolução na luta contra diversos tipos de tumores, como o de pulmão, rim, linfoma, melanoma e outros.
Um recente estudo sobre imunoterapia no tratamento do câncer de colo do útero — o terceiro tipo de tumor mais frequente entre as mulheres — demonstrou resultados promissores, alcançando uma redução de 30% na progressão da doença. A pesquisa, conhecida como KEYNOTE-A18, recebeu aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no final de abril.
“Este é um dos maiores estudos já realizados em pacientes com este tipo de neoplasia. A junção de imunoterapia ao tratamento do tumor localmente avançado com quimiorradioterapia proporciona um aumento da sobrevida para essas mulheres”, afirma Diocésio Andrade.
A combinação do Pembrolizumabe, uma imunoterapia, com quimiorradioterapia demonstrou, após dois anos de acompanhamento, que 68% das pacientes que receberam o tratamento continuavam vivas e livres de progressão das células cancerígenas. Já no grupo que recebeu placebo e o tratamento convencional, o índice foi de 57%.
Terapia-alvo no câncer de mama
Já aprovada e em uso contra diversos tipos de câncer, a terapia-alvo, feita com medicamentos que atingem os pontos do corpo responsáveis pelo crescimento de tumores, preservando as células saudáveis e oferecendo menos efeitos colaterais, tem se destacado em resultados positivos no tratamento do câncer de mama.
Constituído de uma combinação inédita de capivasertibe com fulvestranto, uma terapia hormonal – voltada ao tumor de mama metastático –, o tratamento chegou ao Brasil e se mostrou capaz de reduzir em 50% o risco de progressão ou morte pela doença. A técnica foi desenvolvida pela biofarmacêutica AstraZeneca e aprovada em maio deste ano pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Este é um tratamento indicado para casos de progressão do câncer de mama receptores hormonais positivo no cenário metastático – que já se espalhou, atingindo outros órgãos do corpo”, conta o médico.
Diocésio Andrade ainda explica que o uso das terapias-alvo para câncer de mama é definido após avaliações dos exames do paciente, para definição se o tratamento poderá ser eficaz para aquele cenário específico.
Lorlatinibe e câncer de pulmão
Apontado como um importante avanço no tratamento da neoplasia de pulmão, o lorlatinibe, medicamento desenvolvido pela Pfizer, foi testado em centenas de pessoas que sofrem de câncer de pulmão metastático com alteração no gene ALK (aproximadamente 5% dos casos de câncer de pulmão).
Um dos estudos abordados na ASCO 2024 – principal congresso global de oncologia – mostra que a droga lançada em 2020, reduz significativamente a progressão da doença e melhora em até sete vezes a sobrevida dos pacientes em estágio avançado.
Em cinco anos fazendo o tratamento, 60% dos pacientes conseguiram bloquear a progressão do tumor, efeito alcançado antes em apenas 8% das pacientes que receberam crizotinibe, apontado como o segundo melhor medicamento para tumores agressivos.
Células CAR-T – linfomas e leucemias
Uma das mais promissoras terapias que surgiram contra o câncer nos últimos anos, as células CAR-T, uma modalidade da imunoterapia que utiliza células de defesa passadas por modificação genética e reprogramadas em laboratório para atingir os tumores, têm avançado e proporcionado um prognóstico mais otimista a diversos pacientes com linfomas e leucemias sem outras alternativas de tratamento à cura.
A técnica envolve a edição genética de células de defesa do sistema imunológico chamadas de linfócitos T para que elas reconheçam o câncer e ataquem como em um autotransplante, em que as células são coletadas, modificadas em laboratório e reinseridas no paciente.
Ribeirão Preto foi a primeira cidade a receber a técnica 100% brasileira, desenvolvida pelo Centro de Terapia Celular (CTC) da Fundação Hemocentro de Ribeirão Preto para a produção de células CAR-T.
O futuro da Oncologia
Outras tecnologias também estão se destacando e sendo aprimoradas. Entre elas, a CRISPR (edição de genes precisa), que está sendo ajustada visando modificações genéticas precisas sem corte do DNA, uma revolução para o tratamento de cânceres complexos; a inteligência artificial, que tem atuado com o objetivo de prever a progressão do câncer e auxiliar no planejamento do tratamento; e a cirurgia robótica, que integra as técnicas inovadoras, representando aproximadamente 5% das cirurgias minimamente invasivas e laparoscópicas realizadas no mundo.