Pneumologista alerta sobre os perigos do uso de cigarros eletrônicos

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Produtos não são legalizados no país e representam um grande risco à saúde pública

O famoso “vape”, como é conhecido popularmente o cigarro eletrônico, tem gerado preocupação da saúde pública com o aumento do consumo por jovens e adolescentes. Entre os perigos que podem causar, um dos principais problemas constatados é a Lesão Pulmonar Associada a Produto de Vaping ou Cigarro Eletrônico, conhecida como Evali (E-cigarette or Vaping product use-Associated Lung Injury), além de aumentar os riscos para complicações relacionadas à Covid-19.

No último domingo (26), o influenciador Lucas Vianna usou suas redes sociais para contar que foi hospitalizado, com falta de ar, por causa do uso de cigarro eletrônico. O campeão de “A Fazenda 11” contou que estava em uma festa fazendo uso do aparelho quando começou a passar mal. “Preciso passar para vocês uma experiência que tive agora. Acabei de sair do hospital. Estava em uma festa e de repente me faltou ar de um jeito surreal. Parecia que minha garganta estava entupida de saliva, não sei explicar. Tentava puxar, tentava puxar. Fui socorrido pela ambulância e ja me deram um aparelhinho de oxigênio e tudo por conta do cigarro eletrônio. A gente nunca acha que vai acontecer com a gente. Hoje aconteceu comigo, amanhã, se você fuma, pode acontecer com você. Isso aqui, a partir de hoje, não vai mais fazer parte da minha vida. Fica o alerta porque o negócio é sério. Não dá para explicar, a sensação é de que você vai morrer”, desabafou.

Os cigarros eletrônicos entraram no mercado americano em 2007 e são conhecidos por vários nomes diferentes, entre eles o vape, e-cigs e pendrive. Estes dispositivos são alimentados por bateria de lítio e contém um refil, que armazena um líquido composto por nicotina, solventes, água e várias outras substâncias, como flavorizantes. Esta bateria, ao aquecer o líquido dentro do dispositivo, gera aerossóis que, além da nicotina, contém outras substâncias que podem ser cancerígenas.

De acordo com pneumologista e professor da IDOMED, Daniel Messias Martins Alves Neiva, o objetivo principal do Vape é gerar vaporização de nicotina, que é uma substância que age sobre o sistema nervoso central gerando dependência. Além da dependência química, a questão comportamental também é um agravante. “Os cigarros eletrônicos não exalam odores ruins e, por isso, são mais aceitos socialmente e utilizados de maneira descontrolada por adolescentes e adultos. Várias entidades médicas já caracterizam o uso como uma epidemia de saúde pública, devido ao seu abuso, aos efeitos ainda não totalmente elucidados e à pouca (ou nenhuma) regulação da sua comercialização”, alerta.

A produção, venda, importação e propaganda dos cigarros eletrônicos são proibidas no Brasil, mas a indústria vem utilizando a internet e as redes sociais para vender ilegalmente estes produtos no país. “Os Vapes estão sendo utilizados com maior frequência com a justificativa que de que são socialmente aceitos. A infinidade de sabores, dos mais diversos tipos, dá ao jovem mais motivos para experimentar cada novidade lançada no mercado clandestino. O produto é amplamente divulgado pelos influencers das redes sociais como descolado, mainstream, o que ajuda a validar seu uso pela população jovem, mesmo com tantas evidências dos riscos da sua utilização”, afirma Neiva.

Segundo o especialista, os efeitos a longo prazo não são ainda todos conhecidos. Os quadros agudos são representados por doenças agudas e crônicas como broncoespasmos, rinite alérgica, irritação na garganta, além de lesão pulmonar associada. O cigarro eletrônico também pode ser responsável por câncer, problemas cardiovasculares e causa importante piora na imunidade. Nos Estados Unidos, entre agosto de 2019 e fevereiro de 2020, houve 2807 casos de hospitalizações por esta doença, com 68 mortes, sendo a maioria dos atingidos com idades abaixo de 35 anos.

“Não há evidências suficientes que atestem a favor da segurança do uso dos cigarros eletrônicos para recreação ou da sua eficácia como método adjuvante na cessação do tabagismo. O que se sabe, com grau robusto de evidências, é que estes dispositivos são capazes de gerar doenças e efeitos adversos graves e que podem colocar a população em risco”, finaliza.

 

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