Racismo dentro e fora de campo: o que são e como prevenir atos de discriminação racial?

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Episódio vivido pelo jogador Vinicius Jr. durante partida de futebol reacende a discussão sobre o tema. Coordenador do curso de Direito do Centro Universitário UniMetrocamp Wyden comenta pena e medidas de combate ao racismo

No último dia 21, o atacante do Real Madrid e da seleção brasileira, Vinicius Jr., foi vítima de atos racistas durante partida contra o Valencia, pelo Campeonato Espanhol. Esse episódio estampou os noticiários de todo o mundo e trouxe à luz uma questão que merece discussão e tomada de medidas efetivas: o racismo. Esta não foi a primeira vez que o jogador passou por uma situação como esta. Há pelo menos dez registros de ofensas raciais sofridas por ele em partidas que, somadas aos episódios sofridos por outros jogadores ao longo de suas carreiras nos clubes espanhóis, reforça a imagem de que a Espanha ainda é um país tolerante com o racismo.

Aqui no Brasil a lei nº 7.716, de 5 de janeiro 1989, é clara ao definir os crimes resultantes de preconceito de raça ou cor, especialmente em seu artigo 1º: “Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.”, após mudança legislativa de 1997, com a Lei nº 9.459, de 15/05/97. Mesmo previstos na Constituição Federal como inafiançáveis e imprescritíveis, os crimes de racismo acontecem diariamente por todo o país, nos estádios, nas escolas, na rua, nas empresas, nas unidades de saúde e em qualquer outro ambiente.

De acordo com o professor e coordenador do curso de Direito do Centro Universitário UniMetrocamp Wyden, Luís Henrique Bortolai, os crimes de racismo sempre estiveram presentes em nossa sociedade. “Desde a época da escravidão, e após esse período, sempre houve e, infelizmente, por um tempo ainda teremos o racismo em nossas vidas, com pré-conceitos de raça, crenças, etnias e demais direitos violados, e a indiferença sendo apresentada, seja em jogos de futebol, espetáculos ou mesmo no nosso cotidiano”, comenta o professor.

Dados sobre o racismo no Brasil

De acordo com o IBGE, 56% da população brasileira é negra. Uma pesquisa publicada no 16º Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostra que pessoas negras ainda são a maioria das vítimas de crimes violentos. Dados sobre mortes violentas intencionais (homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte, por exemplo) evidenciam percentuais alarmantes: 78% dos crimes foram sofridos por negros e 21% por brancos. E dados sobre a população carcerária brasileira também reforçam que a violência está diretamente ligada a questões raciais: 67,5% dos presos no país são negros, ao passo que 29% são brancos.

Mesmo com esses dados evidentes sobre o racismo no país, parte da população ainda afirma que o racismo não existe. Uma pesquisa realizada em 2020 pelo PoderData mostrou que 81% dos brasileiros dizem haver preconceito contra negros no Brasil por causa da cor da pele, enquanto 13% da população afirma que o racismo não existe no país. Outros 6% não souberam responder.

Para combater o racismo, o caminho é um só: o trabalho de conscientização por meio da educação, desde o ensino básico, até nas faculdades em todos os cursos de todas as áreas. “Conhecer nossos direitos, mas especialmente nossos deveres, também é extremamente importante, diria até essencial, para uma boa convivência em sociedade. Entender e compreender as diversas visões de mundo, respeitando-as, é fundamental”, complementa Bortolai.

Como denunciar casos de racismo?

Casos de racismo e de injúria racial podem ser denunciados em delegacias por meio de abertura de um boletim de ocorrência, pela internet no através do site da Secretaria da Justiça e Cidadania (https://www.ouvidoria.sp.gov.br/Portal/) e pelo telefone (Disque 100 ou Disque 190, se for um flagrante).

 

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