A escola deve combater o cyberbullying e falar sobre cidadania digital nas salas de aula

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Assim como qualquer mãe que esteja lendo, agora, nosso site, ou esteja no Instagram vendo a chamada para este texto, eu (Jousy) também tenho medo de pensar que meus filhos estão sofrendo bullying ou outro tipo de abuso por parte de conhecidos ou não que possa desencadear a morte. Não é medo, é pavor! É tão aterrorizante que sei que precisamos falar sobre o assunto e mesmo assim fico postergando. Mas, não podemos! Semana passada, Lucas Santos, filho da cantora de forró Walkyria Santos, tirou a própria vida. Em um vídeo emocionante, logo depois de enterrar o filho, a cantora pede para as mães vigiarem seus filhos e faz um alerta para as mensagens de ódio deixadas pelas pessoas para Lucas, depois que ele fez uma postagem no Tik Tok.  Para a psicóloga Gizelda Dias o bulliyng por si só não pode ser considerado a causa do suicídio, mas pode ter sido a gota d´água. “Quando um adolescente  tira a própria vida, ele já vem doente. A pessoa vai dando sinais que ela não está bem, então é preciso procurar um profissional qualificado para esse jovem ser tratado”, explica.

Por conta disso, vamos deixar aqui uma leitura obrigatória. Um artigo de Claudio Sassaki, que é cofundador da Geekie, empresa que desenvolveu a primeira plataforma de educação baseada em dados no Brasil. O especialista, que é pai de quatro filhos, tem atuado com estudantes e educadores no desenvolvimento de iniciativas inovadoras que potencializam a aprendizagem. Ele é formado em Arquitetura pela USP e tem mestrado em Educação, pela Stanford University. Sassaki fala da necessidade das escoladas trabalharem o cyberbullying e que é preciso ensinar os alunos a serem bons cidadãos digitais. 

 

A escola deve combater o cyberbullying e falar sobre cidadania digital nas salas de aula

Por Claudio Sassaki

Claudio Sassaki

Um adolescente de 16 anos cometeu suicídio, após ter sido alvo de homofobia na internet. A mãe, em um relato emocionante, afirmou: “Peço que vigiem, porque essa internet está doente”. Embora especialistas apontem que não é correto estabelecer uma única causa para um suicídio – que tem múltiplos fatores –, eles ponderam que comentários negativos nas redes sociais podem ser um gatilho. As situações de agressão e sofrimento, decorrentes do cyberbullying nas redes sociais, compõem um fenômeno que demanda uma forte atenção de toda a sociedade: sobretudo de pais, responsáveis e educadores. Há anos defendo, firmemente, a importância da mediação para o uso das redes por crianças e adolescentes, além da capacitação desses jovens para uma exposição que apresenta riscos.  

Explicando melhor… a escola e a família precisam ensinar os jovens a lidar com as oportunidades, os riscos e os desafios de estarem conectados. Uma pesquisa da TIC Kids Online demonstra que quando desafiados a julgar as próprias habilidades na internet, 76% dos jovens brasileiros acreditam saber mais do que os pais; 71% afirmam conhecer muito sobre como usar a rede. No entanto, da teoria à prática, em um experimento da mesma organização, 30% dos jovens não souberam verificar se determinada informação na internet estava correta. Esse dado é relevante, porque prova que o nativo digital precisa de orientação; da mediação de professores. E isso inclui orientação sobre o comportamento com relação às pessoas; o refletir sobre como os próprios comentários afetam e como somos afetados por opiniões postadas nas redes. O uso da tecnologia deve ser bem orientado! É aqui que entra a educação para o exercício responsável da cidadania digital.

Educar para a cidadania digital vai além da disseminação da compreensão de conceitos como pegadas digitais. O aluno tem que ser preparado para ver e compreender a relevância desse conhecimento. Esse aprendizado envolve disponibilizar insumos para um alcance pleno da cidadania – ou seja, uma aprendizagem significativa, relevante para o cotidiano do aluno e que o ensine a lidar com questões de saúde da mente frente a questões como o cyberbullying.

Defendo a disciplina de Educação Digital como ferramenta pedagógica para que as escolas possam combater a propagação do preconceito, de atos de intolerância e discursos de ódio on-line, sobretudo nas redes sociais. Com sequências didáticas apoiadas em casos reais, o conteúdo deve ter o objetivo de disseminar entre os alunos com idades entre 13 e 17 anos a noção de que a liberdade de expressão não deve ser confundida com manifestação irrestrita de opinião preconceituosa. Por meio de questões e dinâmicas que despertam empatia, os alunos devem ser convidados a refletir individualmente sobre o tema e debatê-lo em grupo. Assuntos correlatos como limites da privacidade, cyberbullying e assédio on-line são abordados. 

Nessa disciplina de Educação Digital, as competências gerais que dialogam com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) podem ser conhecimento; autogestão; pensamento científico, crítico e criativo; repertório cultural; comunicação; cultura digital; argumentação; autoconhecimento e autocuidado; empatia e cooperação; e responsabilidade e cidadania.

Entre as competências e habilidades socioemocionais, destaque para empatia, pensamento crítico, colaboração, argumentação e autonomia. Os eixos estruturantes estão alinhados à investigação científica e mediação e intervenção sociocultural. Nos temas, detox de conteúdo (despadronizando a beleza) e relacionamentos: amizades on-line, tecnologia para estudo, estratégia de busca e avaliação de fontes – informações dentro da perspectiva da autogestão e das boas práticas.

Acredito que a educação digital é uma das formas mais eficientes para combater o uso equivocado das redes sociais e de aplicativos como WhatsApp. Capacitar o aluno para reconhecer quando se está diante de uma fake news, por exemplo, é muito importante. Entretanto, o mais significativo é ter senso crítico e empatia diante de qualquer informação disponível. Combater o bullying – no ambiente físico ou virtual – é construir uma sociedade mais conectada com os valores humanos.

 

 

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