Dia Mundial sem Tabaco: é preciso falar disso

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Em Ribeirão Preto, entre os anos de 2020 e 2021, segundo dados da Secretaria da Saúde Municipal, foram registrados 225 óbitos por câncer de traqueia, brônquios e pulmão e o cigarro é o principal fator de risco

 

Sempre fui uma pessoa rodeada de fumantes: meus pais fumaram, minha amiga que dividia o apartamento comigo fumava e meu marido fumou por 35 anos e depois que casamos acho que ele dobrou a quantidade de cigarros fumados por dia (por que será? rs). Ele parou há 3 anos e essa é uma conquista para a família. Nunca fui de cobrar ninguém e ficar brigando por conta do vício, mas meus filhos pediam para o pai. Até porque eu imaginava o quanto seria difícil parar e a essa decisão cabe, unicamente, ao fumante. No dia 31/01 é celebrado o “Dia Mundial sem Tabaco”, então acho que é uma boa oportunidade para trazer o assunto até vocês. A data foi criada com o objetivo alertar à população sobre as doenças relacionadas ao tabagismo, um dos principais fatores determinantes das duas maiores causas de mortes no Brasil e no mundo: câncer e doenças cardiovasculares.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), mais de 30 mil brasileiros são diagnosticados anualmente com câncer de pulmão – cerca de 13,5% de todos os novos casos da doença – e 85% estão associados ao consumo de derivados de tabaco. Segundo o Instituto de Efetividade Clínica e Sanitária (IECS), além dos altos índices de câncer de pulmão, o país registra anualmente cerca de 25 mil mortes ocasionadas por outros tipos de cânceres relacionados ao tabagismo.

Laumer Montanari, 50 anos, meu marido (Jousy), está há 3 anos sem fumar e diz que o processo de se livrar do vício não é fácil. “Eu comecei a fumar há 35 anos. Acho que aconteceu como com a maioria das pessoas: os amigos fumando, aí você experimenta uma e duas vezes e quando vê já está com um maço de cigarros no bolso para fazer parar a vontade. O que eu sempre falo para os meus filhos é: cuidado ao colocar o primeiro cigarro na boca, pode ser um caminho sem volta. Sei disso porque por muito tempo eu quis me livrar do vício. Não é nem um pouco fácil. Consegui parar uma vez por um ano e no estresse do dia quando eu vi já estava com um cigarro na boca. Eu nem sei como foi direito. Só sei que fumei e a vontade incontrolável voltou”, conta.

Entretanto, dessa vez ele conseguiu se livrar do vício e acredito que de vez. “Eu parei de fumar dois dias antes do aniversário de Ribeirão Preto, no dia 17 de junho de 2019. Lembro que teve um aniversário no dia 19 e nós fomos. Eu estava bebendo cerveja e me veio uma vontade incontrolável de fumar. Foi muito forte, parece que durou horas, mas foi só alguns minutos. Eu bebi umas três cervejas de uma vez, aguentei e a vontade passou. Depois ela continuou voltando, mas menos forte, e eu ia controlando, me segurando. Até hoje eu tenho vontade de fumar, porém já treinei meu cérebro para aguentar, porque são poucos minutos. É claro que não é mais uma vontade tão forte, mas acredito que vou ter isso por minha vida toda. Chego até sonhar que estou fumando”, relata.

O que ajudou o meu marido a parar de fumar, além dos pedidos das crianças, foi a preocupação com saúde. Depois dos 40 ninguém tem mais o mesmo fôlego e se fuma então é bem pior. O melhor disso tudo que ele está conseguindo. “Eu parei de uma vez. Usei aqueles adesivos que ajudam na vontade de fumar. Tinha dias que eu colocava mais de um e depois fui diminuindo. Um conselho que tenho pra quem quer parar de fumar é persistência. As dificuldades duram pouco tempo e é preciso controlá-las. Eu saia pra caminhar, correr, me mexer. Isso ajudava eu esquecer. Foi aí que vi que eu fumava por conta da ansiedade, então troquei o cigarro pelo exercício físico. Hoje, me sinto muito mais dispostos, sinto até mais o gosto da comida e o cheiro das coisas. A saúde melhorou muito”.

Foi por conta da saúde que o “Dia Mundial Sem Tabaco” foi criado. “O cigarro é o maior fator de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão, mas também está relacionado ao aparecimento e evolução de outros tumores como o de cabeça e pescoço, esôfago, bexiga, dentre outros”, afirma Diocésio Andrade, oncologista da Oncoclínicas Ribeirão Preto. Segundo dados da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, entre 2020 e 2021 foram registrados 225 óbitos no município por câncer de traqueia, brônquios e pulmão, sendo a faixa etária acima dos 55 anos a mais atingida.

Diocésio de Andrande, oncologista

“A mortalidade por câncer de pulmão entre fumantes é cerca de quinze vezes maior do que em pessoas que nunca fumaram. Entre ex-fumantes é cerca de quatro vezes maior. Por isso, é preciso sempre reforçar as campanhas de conscientização. A pessoa que deixa de fumar sente uma melhora imediata na qualidade de vida, além de reduzir os riscos e complicações de dezenas de doenças”, explica o médico.

Apesar de ser considerada uma neoplasia silenciosa, algumas pessoas podem apresentar sinais do câncer de pulmão ainda em sua fase inicial, o que aumenta as chances de um tratamento efetivo. “É importante estar sempre atento aos sinais mais comuns da neoplasia como tosse persistente, escarro com sangue, rouquidão, piora da falta de ar, perda de peso e de apetite, pneumonia recorrente ou bronquite e sentir-se cansado ou fraco. Nos fumantes, o ritmo habitual da tosse é alterado e podem aparecer crises em horários incomuns”, completa Dr. Diocésio.

O médico ressalta ainda a importância do cuidado com o uso do cigarro eletrônico, que tem sido utilizado principalmente por jovens. ”As pessoas tendem a usar o cigarro eletrônico como alternativa ao tradicional, mas ele não combate o vício em tabaco e contém nicotina, uma versão moderna do mesmo mal”, alerta.

Aqui em casa seguimos nos livrar do tabaco. E aí na casa de vocês? Conhecem alguém que se livrou do vício ou esteja tentando se livrar? Conta pra gente!

 

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