
Homens ainda evitam cuidar da saúde e vivem menos que as mulheres no Brasil
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Mesmo com campanhas como o Agosto Azul, exames preventivos ainda não fazem parte da rotina da maioria dos homens
Agosto, tradicionalmente lembrado pelo Dia dos Pais, também convida à reflexão sobre os cuidados com a saúde masculina. Embora campanhas como o Agosto Azul busquem ampliar a conscientização, muitos homens seguem resistentes a procurar atendimento médico, mesmo diante de sinais de alerta.
Essa negligência tem impacto direto na expectativa de vida. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2023 os homens brasileiros viviam, em média, 73,1 anos — 6,6 anos a menos que as mulheres, cuja expectativa de vida chegou a 79,7 anos. A diferença evidencia um abismo comportamental em relação à prevenção e ao autocuidado.
O afastamento do público masculino dos serviços de saúde também é apontado pelo Ministério da Saúde. Dados da pasta indicam que apenas um em cada quatro atendimentos da atenção primária do SUS, entre adultos de 20 a 59 anos, é realizado com pacientes do sexo masculino. Na maioria das vezes, os homens só procuram auxílio médico em situações de urgência, quando o quadro clínico já se agravou.
Para o clínico geral e professor do IDOMED, Dr. Claudio Souza de Paula, a prevenção deve fazer parte da rotina anual de todo homem adulto, mesmo na ausência de sintomas. “É essencial cultivar um olhar contínuo para a saúde masculina. Muitos quadros graves poderiam ser evitados com medidas simples de rastreamento e acompanhamento regular”, afirma.
O especialista destaca que os tipos de câncer mais comuns entre os homens no Brasil são os de próstata, pulmão, intestino (colorretal) e bexiga, conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). O câncer de próstata lidera em incidência, com cerca de 72 mil novos casos por ano, principalmente em homens acima de 65 anos. O diagnóstico precoce é determinante para a cura. O câncer de pulmão aparece em seguida, com o tabagismo como principal fator de risco, seguido pelos tumores colorretais, que acometem o intestino grosso e o reto.
A orientação do médico inclui a realização de exames como hemograma, colesterol, glicemia, aferição da pressão arterial, avaliação da função renal e hepática, além do PSA e do check-up urológico, especialmente a partir dos 50 anos. Para fumantes ou ex-fumantes com alto risco de câncer de pulmão, aqueles com histórico de 20 anos-maço ou mais, ou que tenham parado de fumar nos últimos 15 anos, é recomendada a radiografia de tórax. Já a colonoscopia deve ser indicada, em geral, a partir dos 45 anos, ou antes, em casos com sintomas ou histórico familiar de câncer colorretal.
“O clínico geral tem papel central nesse processo, pois é ele quem orienta e encaminha o paciente para os especialistas necessários, como cardiologistas ou endocrinologistas. Atos simples de amor à vida, expressos pela prevenção, podem salvar nossos pais, filhos, avôs e irmãos”, conclui Claudio.
A resistência dos homens em buscar ajuda médica tem raízes que vão além da saúde física. Normas culturais ainda associam masculinidade à autossuficiência e à negação da vulnerabilidade, o que dificulta o reconhecimento de sintomas e a adoção de cuidados preventivos. Essa postura, muitas vezes inconsciente, contribui para o afastamento dos homens dos consultórios e da própria escuta emocional.
A professora de psicologia da Estácio, Andresa Souza, explica que esse comportamento é resultado de uma construção social que precisa ser revista. “Desde cedo, muitos homens aprendem que expressar dor ou procurar ajuda é sinal de fraqueza, quando, na verdade, é um ato de responsabilidade. A psicoterapia pode ajudar a quebrar esse ciclo, incentivando uma relação mais consciente e saudável com a saúde física e emocional”, afirma.
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