Pacientes transplantados de medula óssea podem receber a vacina de COVID-19

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“O ideal é que os familiares também recebam a vacina, protegendo assim seus entes queridos”

As vacinas para a Covid-19 disponíveis no Brasil, Coronavac e AstraZeneca, já estão sendo aplicadas em diversas regiões do país, porém muitas dúvidas surgem, principalmente para alguns grupos como os pacientes submetidos ao transplante de medula óssea (TMO). Quem foi submetido a um TMO tem o sistema imunológico mais frágil pela própria doença e pelos tratamentos que receberam antes, durante (exemplo imunossupressores) e após o transplante tratando complicações adquiridas como a doença do enxerto contra o hospedeiro.

Para Roberto Magalhães, diretor do Grupo de Hematologia e Transplante de Medula Óssea (GHTN), a maior parte dos pacientes transplantados poderá receber as vacinas que são eficazes e seguras para o paciente hematológico. “A recomendação do EBMT (European Group for Blood and Marrow Transplantation – Grupo Europeu para Transplante de Sangue e Medula) é que três meses após o transplante o paciente já pode ser vacinado. Não é aconselhável que ele receba a vacina no meio do transplante alogênico, onde as células precursoras da medula provêm de outro indivíduo (doador).  Outro dado interessante e importante é que se o doador se vacinar ele deverá esperar 15 dias para doar medula e vale tanto para a primeira dose quanto para a segunda dose”, explica o médico.

Para pacientes transplantados é preciso seguir um calendário específico de vacinas. Segundo Magalhães, nesse caso o ideal é atrasar uma das vacinas para receber a da Covid-19. “Após quatro meses de transplante, o paciente tem um cronograma de vacinação que começa com a vacina da gripe, hepatite B, e por aí vai uma sequência que é feita naturalmente. Como estamos em meio à pandemia, a recomendação é que o paciente tome primeiro a vacina de Covid-19, pois não se deve tomar vacinas diferentes simultaneamente”, diz.

Maria José Dinoá, foi tratada pelo grupo GHTN e teve aplasia de medula há quatro anos em remissão. Maria recebeu imunoglobulina e está com a doença bem controlada, porém, ela está na dúvida se toma ou não a vacina para Covid-19 e essa pergunta pode ser a de muitos outros pacientes. Para esclarecer, o médico explica: “ela é uma paciente que está há muito tempo sem tomar timoglobulina, onde a imunoglobulina foi o tratamento dela e ela também está sem uso de imunossupressores. Conversei com ela e disse que a vacina é segura, recomendada,” conta o especialista.

Uma discussão que vem à tona é se a família do paciente transplantado deve ou não receber a vacina de Covid-19. O ideal é que os familiares recebam a vacina protegendo assim também seus entes queridos que estão em contato com a paciente.

“Muito mais que o medo da pessoa adquirir coronavírus pela vacina, o problema maior é ele não ter a resposta vacinal. As vacinas aqui no Brasil têm uma eficácia de 50 a 74% e pacientes hematológicos não montam uma resposta imunológica de defesa contra o coronavírus mesmo recebendo as duas doses. A própria doença que a pessoa tem afeta o sistema imunológico, como por exemplo, o mieloma múltiplo, doença em que o transplante autólogo é feito com maior frequência, a pessoa não tem capacidade de produzir os anticorpos naturais para poder se defender”, esclarece Magalhães que ainda faz um alerta: “não sabemos quanto dura a resposta imunológica da vacina, cuja eficácia não é de 100%. Não significa que a pessoa vacinada não possa voltar a pegar. As medidas de cuidado devem ser tomadas de maneira rigorosa por enquanto no Brasil. A máscara tem que ser usada, lavar sempre as mãos, usar álcool gel e manter o distanciamento social evitando aglomerações”.

 

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