Professores enfrentam desafios durante adaptação das aulas online
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Por Jousy Mirelle
Posso falar pra vocês que a vida dos professores não está nada fácil. Depois de fazer a aula, gravar, editar, enfim, é uma tortura quando no meio da gravação o cachorro late ou alguém bate à porta (um professor, amigo meu, que mora em apartamento, disse que a vizinha lava roupa bem na hora que ele está gravando as aulas. Kkkkkkkkk). Tenho certeza que muitos professores gravam suas aulas no silêncio da madrugada. Na escola onde dou aula (COC JS) a plataforma, agora, é com aulas ao vivo, mas com a opção de serem gravadas. Antes de tudo entrar no eixo (porque acho que, agora, estamos acostumando) tínhamos que deixar as aulas gravadas no youtube e baixar para a plataforma. Com isso aprendi coisas que nunca imaginava dominar um dia.
Esse também é o caso do meu amigo de trabalho Luís Tadeu Frigel, professor de Ciências e Biologia, que além da escola onde eu leciono, também dá aulas na CEEJA Prof. Cecília Dutra Caram, em Ribeirão Preto. “O distanciamento social foi algo que eu nunca imaginei passar, principalmente como professor. Em um momento vivemos uma rotina, no outro tudo muda. Além da estranheza, o distanciamento social me trouxe novos desafios em relação ao ensino. Vivendo este novo normal, vejo que o desafio do ensino a distância me trouxe aprendizado e capacidades que eu ainda não conhecia. Quando as aulas voltarem no modo presencial serei um professor ainda mais completo”, explica.
Para José Paulo de Carvalho, professor de Matemática do Ensino Fundamental II, da EMEF Maria Celina Walter de Assis e da Escola Estadual Maria do Bem, em Serrana, na rede pública o cenário é um pouco diferente. “Na escola municipal eu mando o conteúdo para a coordenadora e ela coloca no classroom, que é a plataforma que temos. O aluno tem que ler, assistir aos vídeos e depois devolver por e-mail, mas isso não está tendo uma boa aceitação. Muitos alunos não têm computador, nem internet e nem celular. Alguns vão até a escola buscar o xerox da matéria”, explica.
Para fazer com que o prejuízo desses alunos seja minimizado, ao máximo, José Paulo teve uma ideia. Começou a fazer seu próprio conteúdo, criou uma “apostila” e distribui já impressa para os alunos. “O que eu tento fazer nesse material é deixar a matéria o mais simples para a interpretação. A matemática já é uma disciplina difícil, mesmo com o professor explicando, então tento achar a melhor maneira de explicar o conteúdo no material impresso, com passo a passo e exercícios”, diz.
Carvalho acrescenta que a realidade da escola pública vai além. “Em uma sala que dou aula tem alunos de diferentes níveis de aprendizado e classe social. O Maria Celina é a única escola da cidade que recebe alunos especiais, então tenho na mesma sala alunos com várias dificuldades, tanto de locomoção, quanto transtornos mentais, cegueira e outras necessidades especiais. Pensar aula para esse alunos não é fácil, mas eles contam com a gente. Também tem aqueles que nem estudar querem. Vão na escola só para passear, mas como professores temos que mostrar que a Educação é a única saída para a transformação desses jovens”, desabafa.
As escolas são aqueles que ficam entre a cruz e a espada. Por um lado pais cobrando qualidade no ensino com mensalidades menores, por outro estão os professores querendo suporte para estar preparados para o novo, já que a maioria não dominava as ferramentas da aula online. Na verdade, no começo, ninguém sabia muito bem o que estava acontecendo, até quando aconteceria e qual era a maneira certa de agir. Um bombardeio de documentos vindos da Secretaria de Educação, do MEC, do governador, do prefeito, do presidente, do advogado, do contador, enfim, de todo o lado.
Guilherme Teixeira, que é diretor administrativo do COC JS e do COC Monte Alto, e também professor de Química no Ressurreição Ribeirão Preto, no Ipê Amarelo (Poliedro-Mococa), Novo Anglo Jaboticabal e COC Serrana, diz que o grande desafio das escolas, hoje, é atender aos anseios das famílias e conseguir minimizar os prejuízos. “É preciso tentar sempre ser justo e coerente, em relação ao ensino online, às mensalidades, ao acesso etc. Outro ponto é conseguir gerenciar as finanças para continuar honrando todos os compromissos e manter-se funcionando após este período”, declara.
Teixeira afirma ainda que as aulas online, se forem bem preparadas e bem aplicadas, podem ter um ótimo resultado. “Os recursos são diferentes. Você pode usar mais imagens, vídeos e outras ferramentas de forma mais ágil do que presencial, porém, perde-se um pouco do desempenho do presencial. Além de entender que cada segmento da Educação tem seus desafios e particularidades. No nosso caso, acredito que a equipe está se saindo muito bem. Problemas acontecem, mas na presencial também”, diz ele falando que a energia elétrica pode acabar, que um professor pode faltar e assim a escola, mesmo não sendo online, tem que se readequar naquele momento.
Ele finaliza dizendo que a dica mais importante para todos é “reaprender”. “Precisamos entender que a escola é parceira, neste momento, e que todos estamos lutando para que os alunos tenham a melhor educação possível. Por último, é preciso aproveitar o momento das aulas, vídeos e tarefas como um momento de família e não como um sofrimento, assim, ficará mais prazeroso e proveitoso para alunos, pais e professores”.