Surto de coqueluche em São Paulo preocupa autoridades da Saúde

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Nota técnica emitida recomenda a intensificação da vacinação contra a doença

Nos primeiros cinco meses deste ano, o Estado de São Paulo já contabilizou 37 casos de coqueluche, quase igualando os 38 casos registrados em todo o ano anterior. Na capital paulista, o número de casos confirmados chegou a 32, um aumento significativo em relação a 2023, segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS).

A coqueluche, popularmente chamada de ‘tosse comprida’, é uma infecção das vias respiratórias causada pela bactéria Bordetella pertussis. A doença é transmitida pelo contato com secreções contaminadas, principalmente por meio da tosse, fala ou espirro.

A nota técnica emitida pelo Departamento do Programa Nacional de Imunizações da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente destaca a ocorrência de surtos de coqueluche em países da Ásia e Europa, recomendando a intensificação da vacinação contra a doença.

A infectologista pediátrica Dra. Carolina Brites  explica que “pensando epidemiologicamente no nosso país, o último pico de coqueluche que a gente teve aconteceu em 2014, quando foram confirmados mais de 8.000 casos. Desde 2020, por conta da vacinação, houve uma redução importante nos casos, e até a semana 14 de 2024, foram confirmados 31 casos”.

A doença tende a se espalhar mais facilmente em climas amenos ou frios, como na primavera e no inverno, quando as pessoas passam mais tempo em ambientes fechados. A taxa de transmissão é alta, podendo gerar até 17 casos secundários por infecção, comparável ao sarampo e à varicela, e superior à COVID-19.

Crianças são as principais afetadas, representando a maioria dos casos e óbitos, e a infecção pode durar cerca de 6 a 10 semanas e evolui em três fases sucessivas: catarral, paroxística e convalescença. “A prevalência da doença é maior em crianças que não completaram o calendário vacinal. Portanto, é crucial estar atento à vacinação de crianças até 6 meses”.

A principal prevenção da coqueluche é a vacinação em crianças menores de 1 ano, com reforços aos 15 meses e aos 4 anos, além da vacinação de gestantes, puérperas e profissionais de saúde. “Essa nota reforça a importância de proteger e minimizar os casos de surto entre os profissionais da saúde, que muitas vezes, pelo sucesso da vacina, desconhecem a doença e podem não intervir precocemente”.

A nota técnica alerta os profissionais de saúde sobre o risco do aumento de casos de coqueluche e a importância do diagnóstico diferencial com outras doenças que apresentam tosse como manifestação clínica, incluindo COVID-19. “É essencial investigar corretamente os casos suspeitos ou confirmados e assegurar a qualidade dos dados, com preenchimento correto e completo de todas as notificações.”

Para os programas de imunização estaduais e municipais, a nota destaca a necessidade de ampliação da vacina contra a coqueluche aos trabalhadores de saúde que atuam em serviços públicos e privados, especialmente em ginecologia e obstetrícia, parto e pós-parto imediato, unidades de terapia intensiva e cuidados intensivos neonatais, além dos profissionais que atuam como doula durante o trabalho de parto e trabalhadores em berçários e creches com atendimento de crianças até 4 anos. “Esse processo minimiza os riscos para gestantes e lactantes que ainda não completaram o calendário vacinal, protegendo-os de quadros de coqueluche.”

O aumento de casos de coqueluche no Estado de São Paulo destaca a urgência da intensificação da vacinação e da conscientização sobre a doença entre os profissionais de saúde e a população em geral.

Sobre Carolina Brites

Carolina Brites concluiu sua graduação em Medicina na Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES) em 2004. Especializou-se em Pediatria pela Santa Casa de Santos entre 2005 e 2007, onde obteve o Título de Pediatria conferido pela Sociedade Brasileira de Pediatria.

Posteriormente, especializou-se em Infectologia infantil pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e completou uma pós-graduação em Neonatologia pelo IBCMED em 2020. Em 2021, concluiu o mestrado em Ciências Interdisciplinares em Saúde pela UNIFESP.

Atualmente, é professora de Pediatria na UNAERP em Guarujá e na Universidade São Judas em Cubatão. Trabalha em serviço público de saúde na CCDI – SAE Santos e no Hospital Regional de Itanhaém. Além disso, mantém um consultório particular e assiste em sala de parto na Santa Casa de Misericórdia de Santos. Ministra aulas nas instituições de ensino onde é professora.

Carolina Brites CRM-SP: 115624 | RQE: 122965

 

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