Os impactos da pandemia e os seus reflexos na ressocialização de crianças e adolescentes

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Estudos apontam que a obesidade pediátrica aumentou durante o isolamento social e agravou o quadro de crianças e adolescentes infectados pela COVID-19, gerando impactos futuros

O isolamento social durante a pandemia mudou, de forma acentuada, o estilo de vida de crianças e adolescentes no mundo todo. Da prática de atividades físicas ao tempo de exposição a telas, a obesidade tem se mostrado a principal herança deixada pelo isolamento social, sendo que os principais fatores de risco que associam a obesidade ao COVID-19 em adultos também estão presentes nessa faixa etária, como inflamações crônicas, doenças cardiorrespiratórias subjacentes e prejuízo da resposta imune a essas e outras doenças.

“Nesse período, as crianças ficaram sem frequentar a escola e, durante o tempo ocioso, passaram a dormir mais, consumir produtos muito industrializados e ficar mais tempo expostas às telas de TV, celulares e tablets fora das atividades escolares, o que reflete no aumento de peso e no enfraquecimento do sistema imunológico”, explica a médica gastroenterologista pediatra Cristina Targa, presidente do Departamento Científico de Gastroenterologia da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Um estudo realizado na Itália analisou o estilo de vida de 41 crianças e adolescentes obesos do sexo masculino e feminino, durante três semanas de confinamento compulsório em Verona, e registrou que não houve mudanças no consumo de vegetais, mas observou o aumento no consumo de frutas, batata chips, carne vermelha e bebidas açucaradas durante esse período. As crianças com obesidade fizeram uma refeição extra por dia, mas o tempo gasto com atividades esportivas foi reduzido em duas horas e meia por semana. Em contraste, o período de sono aumentou em 0,65 h/dia, assim como o tempo de exposição às telas, que cresceu em 4,85 h/dia.

O estudo, denominado ”Effects of COVID-19 Lockdown on Lifestyle Behaviors in Children with Obesity Living in Verona, Italy: A Longitudinal Study”, foi conduzido pela equipe do pesquisador Angelo Pietrobelli e publicado no Obesity, jornal oficial da Obesitity Society. Foram realizadas duas etapas, sendo que as primeiras entrevistas foram feitas na visita inicial, em maio e julho de 2019. Depois, as entrevistas foram realizadas novamente, três semanas após a quarentena obrigatória, começando em 10 de março de 2020. As respostas coletadas inicialmente foram comparadas com as feitas durante as semanas de confinamento, sendo que todos os entrevistados tinham acesso a pátios ou jardins, com pequenos espaços abertos para atividades físicas.

Traduzido para o português como Efeitos do Lockdown de COVID-19 no estilo de vida de crianças com obsesidade que vivem em Verona, Itália, o estudo conclui ainda que o isolamento social pode exacerbar sintomas em crianças que já possuem diagnósitco de distúrbios gastrointestinais funcionais e ser um gatilho para desenvolvê-los em crianças suscetíveis. Além disso, o ambiente familiar hostil devido ao aumento do estresse das famílias – por insegurança financeira, adoecimento ou perda de entes queridos – e à violência doméstica também podem contribuir no desenvolvimento de desordens gastrointestinais funcionais.

Como proceder na ressocialização?

Segundo Cristina Targa, a reabertura das escolas e a retomada dos passeios em shoppings, cinemas e restaurantes podem acentuar a disseminação de viroses respiratórias e gastroenterites (diarreias agudas), muito comuns em crianças e adolescentes nas estações mais quentes do ano. “No consultório já temos observado um aumento de casos de desordens gastrointestinais funcionais, decorrentes do desequilíbrio da microbiota intestinal, como distensão e dores abdominais e diarreias de repetição”, revela a médica.

A microbiota, conhecida há alguns anos como flora intestinal, é como uma segunda impressão digital do ser humano: é única. E zelar por essa colônia do bem no nosso trato gastrointestinal, onde habitam trilhões de microrganismos, como bactérias, vírus e fungos, é tarefa do dia a dia. “A obesidade está totalmente relacionada à imunidade, já que a maioria das células do sistema imunológico está presente no intestino. Sendo assim, as gorduras guardadas nas células do tecido adiposo produzem proteínas que facilitam a inflamação e provocam o desequilíbrio da microbiota”, esclarece a especialista.

Ela complementa afirmando que “é muito importante fazer a prevenção dessas doenças mais comuns e preparar as crianças para voltarem à rotina. Ela passa por uma mudança no estilo de vida, começando pela alimentação saudável, que deve ser rica em prebióticos (fibras) e probióticos (presentes em iogurtes e leites fermentados), prática de atividades físicas regulares, de preferência ao ar livre, e ajuste das horas de sono, com horários certos para acordar e dormir”, explica a médica.

O impacto dessas mudanças na rotina pode resultar em desequilíbrios importantes na microbiota intestinal, com impactos no sistema imune que prejudicam a saúde como um todo. A modulação da microbiota é possível com o uso diário de probióticos adequados, evitando que as doenças se instalem, principalmente, nesse momento de exposição após um longo período confinamento e de maior vulnerabilidade do organismo.

Os probióticos são microrganismos vivos (bactérias boas) que, quando ingeridos em quantidades adequadas, interagem com a microbiota intestinal e têm um papel importante no restabelecimento de seu equilíbrio. 

Existem vários tipos de probióticos, com indicações para patologias diversas. O que difere um do outro é a cepa probiótica, determinante para a ação no organismo. O Lactobacilos rhamnosus GG (LGG®) é a cepa mais estudada no mundo, com eficácia e segurança comprovadas em todas as faixas etárias, incluindo gestantes e idosos, para equilibrar e proteger a microbiota intestinal. As pesquisas científicas realizadas com o Lactobacilos rhamnosus GG (LGG®) já chegam a 35 anos, com validação de mais de 200 estudos clínicos em humanos e mais de 1.000 estudos publicados com essa cepa.

O LGG® é um bacilo Gram-positivo obtido a partir do intestino de um adulto saudável, totalmente sequenciado geneticamente, revelando-se mais 300 proteínas específicas – o que diferencia essa cepa das demais. Entre suas diversas atividades, consegue resistir bem ao ácido gástrico e à bile, adere de forma eficaz às células intestinais e favorece a produção de muco, fazendo com que o aumento da permeabilidade intestinal em situações onde há desequilíbrio da microbiota seja corrigido.

O LGG® diminui a inflamação intestinal mais rápido, reduzindo as citocinas pró-inflamatórias e incrementando as citocinas anti-inflamatórias muito mais do que outras cepas. Os últimos consensos e diretrizes de várias entidades médicas colocam o LGG® como a melhor opção para auxiliar no tratamento de diarreia aguda infecciosa em adultos e crianças.

Referência

1.Funkhouser LJ, Borderstein SR. Moms knows best: the universality of maternal microbial transmission. PLoS Biol. 2013;11(8):e1001631.

 

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